quinta-feira, 11 de julho de 2019

Dar baile aos argumentos pró touradas

Ver atiçar e espetar farpas num touro nunca foi coisa que me divertisse, mesmo nos tempos em que não era vegan. Para mim, diversão é passear, tocar guitarra, namorar, estar com os amigos e ler. Talvez os aficionados das touradas me vejam como uma excêntrica. Eu diria apenas que, felizmente, tenho bem apertado o parafuso que me separa dos nossos antepassados da idade da pedra.

É que não dá para conversar com esta gente, que mete os neurónios em descanso e se escuda na tradição e na suposta extinção do touro bravo no caso da proibição. 


via GIPHY

E ali ficam em loop, com ligeiras interrupções nas quais repetem pérolas do estilo "ninguém gosta mais de animais do que eu", coisa que me faz imediatamente pensar quem serão as desgraçadas das mulheres destes caramelos, pois a aplicar a mesma lógica, suponho que sejam alvo de porrada todos os dias.

Talvez estejam a pensar "Não sejas assim, Vegana da Serra! Tens de respeitar a opinião dos outros!". E eu "Pronto, está bem", até porque, de facto, a tradição é sempre uma coisa linda e maravilhosa. Que o digam as meninas africanas alvo de mutilação genital e as ciganitas de 12 anos que são obrigadas a casar. Eu até acho que nunca se deveria ter acabado com os espectáculos de gladiadores... Sempre se solucionava o problema dos refugiados que tentam todos os dias chegar clandestinamente à europa. Querem melhor integração na nossa sociedade? Era metê-los na arena a lutar até à morte uns com os outros e voilá, problema resolvido!

Só que não.


via GIPHY

"Mas rapariga, tu não vês que se as touradas acabarem, os proprietários das ganadarias deixam de criar os touros bravos provocando a sua extinção?". Não, não vejo. Porque o que não falta é espaço para criar reservas ecológicas e santuários para esse efeito.

Querem adrenalina? Façam desportos radicais. Querem usar fatiotas foleiras cheias de berloques e rendas? Sigam a carreira de Drag Queen. Tudo coisas que satisfazem as vossas necessidades e não fazem mal a nenhum ser vivo. Boa?

Agora fora de território irónico, escrevi este texto por conta do que se passou esta semana em Coruche, onde os cavaleiros Ana Batista e João Moura Júnior foram violentamente colhidos, o forcado Luís Fera sofreu fraturas graves e um cavalo teve de ser abatido. Não suporto esta malta, mas não regozijo quando há mortes ou ferimentos sérios. Sinto apenas uma profunda tristeza... tanta violência para quê?

Confesso também que fico assustada com os imensos comentários agressivos dos que odeiam as touradas. Frases como "Oxalá sejas morto por um toiro ou fiques paralítico para que sofras mais... filho da puta" ou "És mesmo uma merda! Cobardolas !!! Devias ser tu a levar com o touro e ficar lá estendido" não acrescentam grande compaixão ao mundo.

E acreditem, se há coisa de que o mundo precisa é de compaixão.


via GIPHY

@ Vegana da Serra

Sem comentários:

Enviar um comentário