quarta-feira, 24 de julho de 2019

Sapatos, o meu terror desde sempre!

Se já tinha problemas em comprar sapatos antes de ser vegan, agora então nem vos digo...

Os meus pés são ridiculamente pequenos. Não sou nenhuma viga, mas caramba, a grande maioria das mulheres com a minha altura calçam o 37!

Como se não bastasse, o meu pé 35 tem a largura de um 38. Coisa mai linda, não é? Nos sapatos de Inverno, fui-me safando a usar dois números acima do meu... já no Verão, a tarefa complicava-se, pois as sandálias deixavam a descoberto os 2 cm de sobra à frente dos dedos.

Há 8 anos, por conta das várias caminhadas que andei a fazer na serra de Sintra, arranjei uma fascite plantar em cada pé, isto é, não conseguia meter os cascos no chão sem sentir uma picada horrível nos calcanhares.

Mandei fazer palmilhas à medida, mas o problema era enfiá-las nos sapatos juntamente com os meus pés, tarefa impossível, assim ao nível de atafulhar 100 pessoas num mini. Mesmo cabendo à risca, a condução era impossível.

Foi nessa altura que descobri a Birkenstock, marca de calçado que não só resolveu o meu problema (pelas solas ortopédicas e pela possibilidade de ajuste da largura), como fez com que eu deixasse de caminhar com os pés para dentro, hábito que me acompanhava desde criança. A partir daí, não quis mais nada, pois basta calçar sapatos de outra marca para sentir quase imediatamente um grande desconforto nos pés, nos joelhos e até na coluna!

Esta relação de amor só foi abalada pelo veganismo, porque os modelos vegan são em número tão reduzido que dá dó, especialmente no que toca às colecções de Inverno.

Este Verão, lá me safei com umas sandálias Arizona, o único modelo vegan à venda em Portugal nas lojas Birkomania. Fico um bocado danada, porque sei que existem outros modelos disponíveis no estrangeiro (que podem espreitar aqui). Preferia umas Mayari, que são muito mais femininas, mas que se lixe. Antes umas sandálias amigas da bicharada do que umas mais bonitas mas com sofrimento animal incluído.

Os chouriços da foto do coração são meus. Mas como não tenho pés de Cinderela, achei por bem deixar-vos uma foto destes sapatos numas patas apresentáveis, que é para não dizerem "credo, que coisa feia, eu lá comprava isto!". Porque de facto, feios são os meus pés, não as sandálias.

Para quem estiver interessado em comprar: existem duas lojas birkomania em Portugal, uma em Cascais e outra na Baixa de Lisboa.

As pessoas com pés normais têm mais opções. Gosto especialmente dos modelos da marca portuguesa Nae e dos ténis da Zouri, também  ela portuguesa.

Mas isso é para vocês, seus sortudos com extremidades normais.

Amuei.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Dar baile aos argumentos pró touradas

Ver atiçar e espetar farpas num touro nunca foi coisa que me divertisse, mesmo nos tempos em que não era vegan. Para mim, diversão é passear, tocar guitarra, namorar, estar com os amigos e ler. Talvez os aficionados das touradas me vejam como uma excêntrica. Eu diria apenas que, felizmente, tenho bem apertado o parafuso que me separa dos nossos antepassados da idade da pedra.

É que não dá para conversar com esta gente, que mete os neurónios em descanso e se escuda na tradição e na suposta extinção do touro bravo no caso da proibição. 


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E ali ficam em loop, com ligeiras interrupções nas quais repetem pérolas do estilo "ninguém gosta mais de animais do que eu", coisa que me faz imediatamente pensar quem serão as desgraçadas das mulheres destes caramelos, pois a aplicar a mesma lógica, suponho que sejam alvo de porrada todos os dias.

Talvez estejam a pensar "Não sejas assim, Vegana da Serra! Tens de respeitar a opinião dos outros!". E eu "Pronto, está bem", até porque, de facto, a tradição é sempre uma coisa linda e maravilhosa. Que o digam as meninas africanas alvo de mutilação genital e as ciganitas de 12 anos que são obrigadas a casar. Eu até acho que nunca se deveria ter acabado com os espectáculos de gladiadores... Sempre se solucionava o problema dos refugiados que tentam todos os dias chegar clandestinamente à europa. Querem melhor integração na nossa sociedade? Era metê-los na arena a lutar até à morte uns com os outros e voilá, problema resolvido!

Só que não.


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"Mas rapariga, tu não vês que se as touradas acabarem, os proprietários das ganadarias deixam de criar os touros bravos provocando a sua extinção?". Não, não vejo. Porque o que não falta é espaço para criar reservas ecológicas e santuários para esse efeito.

Querem adrenalina? Façam desportos radicais. Querem usar fatiotas foleiras cheias de berloques e rendas? Sigam a carreira de Drag Queen. Tudo coisas que satisfazem as vossas necessidades e não fazem mal a nenhum ser vivo. Boa?

Agora fora de território irónico, escrevi este texto por conta do que se passou esta semana em Coruche, onde os cavaleiros Ana Batista e João Moura Júnior foram violentamente colhidos, o forcado Luís Fera sofreu fraturas graves e um cavalo teve de ser abatido. Não suporto esta malta, mas não regozijo quando há mortes ou ferimentos sérios. Sinto apenas uma profunda tristeza... tanta violência para quê?

Confesso também que fico assustada com os imensos comentários agressivos dos que odeiam as touradas. Frases como "Oxalá sejas morto por um toiro ou fiques paralítico para que sofras mais... filho da puta" ou "És mesmo uma merda! Cobardolas !!! Devias ser tu a levar com o touro e ficar lá estendido" não acrescentam grande compaixão ao mundo.

E acreditem, se há coisa de que o mundo precisa é de compaixão.


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@ Vegana da Serra

terça-feira, 25 de junho de 2019

Beyond Meat Creepy Burger

Anda tudo numa doideira com os hambúrgueres Beyond Meat. Uns porque já experimentaram, outros porque estão contagiados com o entusiasmo de quem já provou, querendo deitar-lhes desesperadamente a mão.

Quando não trago o meu farnel, costumo almoçar na loja de produtos biológicos "Courela Biológica", que fica no Centro Comercial Palmeiras em Oeiras. A equipa é super simpática e há sempre um prato do dia vegan incrivelmente saboroso, além de outras alternativas como quiches, salgados ou sopas, para o caso do prato não agradar. 

Ora, num destes dias, lia-se no menu "Hambúrguer vegan". Imediatamente, imaginei os típicos burgers veggies de feijão, grão, quinoa ou lentilhas. Porém, quando provei, até fiquei parva... E percebi logo que havia ali magia Beyond Meat. É que aquilo sabe mesmo a carne grelhada! E com textura idêntica! Minha gente, é assustadoramente semelhante, de tal forma que uma pessoa fica naquela "Será que não há mesmo aqui nada de origem animal?".


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Pois bem, diz que não e que são feitos à base de proteína de ervilha.

Já agora, aproveito para deixar aqui a lista de ingredientes: Water, Pea Protein Isolate*, Expeller-Pressed Canola Oil, Refined Coconut Oil, Rice Protein, Natural Flavors, Cocoa Butter, Mung Bean Protein, Methylcellulose, Potato Starch, Apple Extract, Salt, Potassium Chloride, Vinegar, Lemon Juice Concentrate, Sunflower Lecithin, Pomegranate Fruit Powder, Beet Juice Extract (for color).

Sinceramente, uma vez que evito ao máximo os alimentos processados e nunca fui grande fã de hambúrgueres (no McDonald's até comia sempre o McChiken), não é coisa para me seduzir. Eu sou mais team queijos (se inventassem um queijo vegan tipo da serra, eu queria lá saber se era processado mil vezes!). Mas pronto, para quem tem saudades de um naco de carne, garanto que vão encontrar aqui grande consolo.

Sei que a Makro vende caixas de 45 e de 10 unidades, o que pode ser um problema para quem não tem cartão. Mas tenho boas notícias para os habitantes de Oeiras e arredores: podem encontrá-los à venda na Courela Biológica. Quem é amiguinha, quem é?

© Vegana da Serra



terça-feira, 11 de junho de 2019

Ir ou não ir, eis a questão

Aproveitámos o fim-de-semana prolongado para dar uma escapadela, afinal, não é sempre que temos o feriado de Oeiras a calhar à sexta e o 10 de Junho à segunda.

A ideia era ir para a Pampilhosa da Serra, mas tendo em conta a previsão meteorológica a anunciar temperaturas mínimas entre os 6 e os 8 graus, arrepiámos caminho, que eu a partir do momento em que enfio umas sandálias nos pés, recuso-me a tirá-las antes do final de Outubro.

E lá fomos nós para o Algarve. Calhou que uma grande amiga nossa lá de baixo ia festejar o aniversário na sexta-feira. Quando lhe telefonámos ainda na quinta a dar os parabéns, convidou-nos para o dito jantar, que iria ter lugar num restaurante... à la Chimarrão, isto é, com direito a rodízio de carnes.


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Apesar de saber que, caso recusássemos o convite, ela compreenderia o motivo, lembrei-me imediatamente desta imagem:













... Infelizmente, há um fundo de verdade nisto, não só porque tendemos a chocar-nos com a insensibilidade das pessoas no que toca aos animais e à protecção do planeta (o que nos faz fugir de determinados ambientes), mas também porque a nossa mudança parece causar algum incómodo nos outros.

É claro que não fico feliz por entrar num restaurante que serve carne às toneladas, mas desde que não me obriguem a comer, aceito e calo... até porque, quem sou eu para apontar o dedo aos outros quando até há um ano e meio fazia o mesmo? 

Mais: esta amiga e restante família, que nós amamos de paixão, foram das poucas pessoas que alteraram alguns hábitos alimentares depois da nossa mudança. Tanto é que o filho e o marido da aniversariante já tinham pedido ao restaurante para confeccionar dois pratos vegetarianos.

Como decidimos ir em cima da hora, a moça que nos serviu à mesa (super simpática!) improvisou uma refeição vegana: cogumelos com muuuuuuito alho; saladinha de alface, tomate e cebola; azeitonas bem temperadas; cenouras à algarvia (só isto levou-me ao céu); batata frita de batata a sério e pão do bom. Saí do restaurante sem poder falar na direcção de ninguém, mas com a barriga carregada de felicidade. Já vos disse que adoro alho? Se fosse coisa de origem animal, estava metida em apuros.

Foi uma noite muito bem passada na melhor das companhias. A verdade é que, sempre que podemos, vamos ao Algarve só para estar com estes amigos. Por isso, Rosi, espero que faças pelo menos mais 50, com muita saúde, amor... e se não for abusar, com menos carne e afins à mistura! 

We love you!

© Vegana da Serra

sexta-feira, 31 de maio de 2019

#1

Já tive um blogue ao estilo irónico, no qual disse coisas de que me arrependo; já tive um blogue sobre o meu minúsculo pátio, que o gosto por plantas vem de longe; já tive um blogue onde escrevi alguns contos, uns fraquitos outros até catitas; já tive outros tantos blogues cujo nome ou intenção esqueci, criados em tardes de devaneio.

Tenho um blogue sobre literatura infantil moribundo, ou não estivesse a vida a empurrar-me noutras direcções.

E eis que chego ao Vegana da Serra. Porque me encontro com demasiado tempo entre mãos. Porque escrever sempre foi um dos meus escapes. E porque desde que alterei a minha alimentação, tenho vivido um corrupio de mudanças.

Chafarica inaugurada. Siga!

© Vegana da Serra